não conte pra mamãe

5.11.04

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Odeio brinquedos educativos. Deviam ser proibidos. Sabe como é? Geralmente a loja é super-bacana por fora. É um tronco de árvore, um castelo, ou uma bota tamanho gigante. Você chega com as crianças e o lugar parece um paraíso.
Aí você entra e começa a ver os brinquedos. E são chatos. Profundamente chatos. São bilboquês. São carrinhos que não parecem carrinhos, feitos de madeira sem graça e correm por trilhos de madeira ainda mais sem graça. Não simulam o mundo real. Os fantoches são feios, de papel maché e servem mais para assustar do que para divertir."Se você se portar mal, papai te dá essa fadinha!". As crianças, embriagadas pelo volume de brinquedos e porque geralmente essas lojas deixam amostras para serem destruídas, levam mais tempo para descobrir que aqueles brinquedos não tem graça nenhuma. Mas descobrem. Geralmente no dia seguinte, depois que você comprou um trenzinho de caixas de fósforos, que ficará eternamente jogado num canto, guardando poeira. Acho uma pena pais que criam filhos com brinquedos educativos. Alguns não deixam os filhos verem mais que uma hora de TV por dia. Crianças tratadas a brinquedos educativos e sem TV, geralmente não jogam videogame. Os mais radicais, não deixam os filhos brincarem de videogame nem nas lojas de eletrônicos, veja se isso é possível. Ficam lá, sendo educados pelos brinquedos de pano. Brincando com carrinhos de madeira idiotas, enquanto o resto do mundo está dirigindo Ferraris on line.
Até que um dia, esse menino de oito anos, filho do Gepeto, vai visitar um amiguinho.
E o Playstation está lá, pra ele colocar finalmente as mãos.
Acreditem.
É a primeira experiência sexual do pobre infeliz.