não conte pra mamãe

18.10.04

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Deve ter sido o Silvio Santos que inventou.
Um estilo "la-la-la" de comunicação.
Mas o estilo pegou e neste país, tudo vira musiquinha.
Da palha de aço ao futuro presidente, tudo vira rima.
Em campanha política a coisa sai do controle. Não importa o que se queira dizer, tudo soa mais eficiente em musiquês.
É ridículo. Toda sorte de absurdo, cantado de maneira singela.
O sujeito roubou, vira jingle. Neguinho sumiu com o dinheiro público, vira samba. Estamos fadados a festejar quem nos engana.
A campanha da prefeitura por exemplo. Neste segundo turno, elegeram o Pitta como tema. Os dois candidatos trocam as mais sórdidas acusações, em ritmo de marchinha de carnaval. A verdade é que toda a equipe do antigo prefeito está permeando a eleição atual. Seja como equipe de um candidato, seja como vice do outro. Ao invés dessa notícia ser informada com a incredulidade devida, nós, eleitores, ficamos sabendo como? Cantando o refrão.
A música, neste caso, serve para reforçar a mensagem de bandalheira. Do descaso que um candidato cantor tem pelo outro.
Agredir cantando traz uma espécie de desprezo pelo inimigo. Uma maneira de dizer que o sujeito não é sério. Dar ao caso informalidade carnavalesca, sequestra a seriedade real do problema e desqualifica o adversário.
Esquecem, os dois, que essa informalidade, ofende o eleitor. Desrespeita o que é sério e impõe à eleição, o caricaturesco só aceitável nas campanhas de palha de aço.