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Tenho pensado nas implicações da teoria de Chris Anderson, Long Tail e seus desdobramentos, no nosso pobre Brasil.
Até outro dia, Chris Anderson não havia conseguido colocar um bom exemplo de Long Tail aplicado para o mercado offline, ou mesmo para produtos não-digitais como músicas ou livros. Mas, recentemente, ele colocou em seu blog o case de Anheuser-Bush. A cervejaria criou uma divisão para cuidar especificamente de Long Tail e, nos últimos 10 anos, ampliou muito sua linha de produtos, adicionando variantes para nichos. Utilizando uma inteligente estrutura de distribuição, Anheuser-Bush consegue a capilaridade necessária para distribuir seus produtos de nicho por toda a América, ou mesmo captar produtos locais e distribuí-los por toda o país.
Lindo.
Mas o que isso tem a ver com o Brasil?
Simples: para contagiar o mercado offline, a epidemia Long Tail necessita, basicamente, de uma ampla estrutura com internet rápida e abrangente. Do tipo que não temos por aqui. Necessita mão de obra especializada em setores que nunca nos preocupamos em ter. Long Tail offline funciona nos Estados Unidos, mas evidentemente não é o caso no Brasil dos próximos anos. A consequencia é que o abismo entre os produtos importados e os nacionais vai ampliar-se ainda mais, relegando o Brasil a uma condição de país-não-customizável. Em outras palavras, o custo/benefício para “longtailizar” nosso mercado offline, será proibitivo.
Anderson fala, também, de uma tendência dos produtos digitais terem seus valores reduzidos até próximo de zero. Como aconteceu com a música. Veja: a idéia de baratear produtos digitais está intimamente relacionada ao fato dos recursos de produção terem baixado de preço. Hoje, gravar um CD não faz sentido economicamente. CD é uma mídia muito mais cara do que o “real state” do seu hard-disk. Com a facilidade de gravação dos equipamentos modernos, com a banda larga praticamente gratuita nos EUA, é muito barato produzir uma música. Tão barato que ela pode [e tem sido] distribuída de graça. A receita dos músicos deve ser obtida por shows e turnês, não mais pela venda de CDs.
Uma frase define bem esta tendência: “products for free, experience for a fee”.
Agora pense no offline. É razoável pensar que nos anos que estão por vir, num futuro que sempre é mais próximo do que imaginamos, os custos de produção vão se reduzir cada vez mais. Chegará o dia em que produzir um automóvel será tão barato que ele poderá ser dado de graça aos consumidores que assinarem, que pagarem o fee mensal da Volkswagen, por exemplo.
E aí? O Brasil está preparado para uma massiva economia de abundância offline?
Ao menos está preparado para a atual revolução online?
Uma mudança silenciosa, acontece no mundo como conseqüência de toda a evolução tecnológica que tivemos no final do século passado.
Você está preparado para viver num mundo em que quase tudo não vale nada?
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