não conte pra mamãe

19.6.06

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Quando o logotipo da Nike e o logotipo da CBF têm o mesmo tamanho na camisa, fica difícil o craque saber quem deve defender.
Arlequim de dois senhores, Ronaldinho não está jogando como Ronaldinho.
Está jogando para tentar igualar a figura mítica institucionalizada pelo patrocinador e pelo imaginário, tangibilizada em centenas de vídeos com seus melhores momentos.
Assim, em 90 minutos precisa, para agradar a todos, reproduzir o melhor desses momentos.
Não consegue.
E sua imagem tropeçando na bola denuncia a cilada em que nos metemos.
Só não é mais grave e evidente porque o outro Ronaldo é quem atrai ainda mais atenção.
Não quer admitir que está gordo e lento.
Não quer admitir que está deprimido e desmotivado.
Ronaldo pensa no que podem dizer, o que o presidente vai achar, o que a namorada vai pensar.
Se preocupa em responder com palavras o que não consegue responder no campo.
A equipe finge que não há problemas.
Mas a alegria se foi.
São velhos no campo.
Cansados e ocupados com tantas preocupações.
Poucos ainda têm algo a provar, eterno estopim de nossa genialidade.
A super-exposição da Copa é, para esses, um mal e não um bem.
Não vai catapultar suas bem sucedidas carreiras.
Vai, ao contrário, apenas alertar para suas vidas distantes da realidade do país que representam.
Ricos falsos-europeus, já superaram a relação de sonho e conquista.
Empresários, investidores, não defendem o Brasil porque não são daqui.
É fácil esquecer a alegria tropical entre uma ou outra partida de golfe.
Ficam eles lá, estrangeiros a nos representar sem vontade.
Ficamos nós aqui, tentando encontrar alguma empatia com esses estranhos, "como é mesmo o nome desse"?
Ficam no banco a alegria e o novo.
Ficamos nós aqui a desejar dias melhores e a querer acreditar que de um jogo pra outro houve alguma melhora.
Mas felizes mesmo, só os argentinos.

1 Comments:

At 1:16 PM, Anonymous Anônimo said...

E o pior é que os uniformes da Puma estão muito mais bonitos...

:OP

 

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