não conte pra mamãe

4.5.06

56

Eu queria ser o André Santana da Belíssima.
Além de boa pinta, ele pode tudo.
Como presidente da empresa, cargo conquistado numa evidente mutreta, recebeu imediato apoio de todos os diretores.
Mais ou menos como aconteceu com o presidente Lula, que apesar das consagradas picaretagens de sua equipe, continua contando com o apoio irrestrito da população e de seus pares.
Ao contrário do Lula, no entanto, André cuida de tudo pessoalmente.
Da contratação da faxineira à demissão de um diretor. Da mudança da sede à construção de uma nova fábrica. E se o caso é este último, André vai pessoalmente às casas que serão compradas para serem derrubadas.
A Belíssima é como o mundo deveria ser. Uma ditadura onde um déspota esclarecido resolve o que é melhor para todos. Ninguém dando palpite, a empresa vai de vento em popa e André sabe de tudo que se passa em sua administração.
Lula não sabe de nada nunca.
André sabe muito mais, inclusive, do que o séquito de diretores que sempre o acompanha.
Diretores que são sempre surpreendidos pelas decisões agressivas de seu presidente.
Lula não é assim. Lula toma apenas decisões previsíveis e tacanhas.
André cuida inclusive da relação com investidores. Defende seus interesses.
E nisso, é muito semelhante ao Lula, que está desde que assumiu, em campanha para se reeleger.
Agora o André vai lançar a Lindona, uma linha de produtos mais barata, uma espécie de Fome Zero. Só que diferente deste último, Lindona vai ser sucesso. E o Fome Zero não passou de mais um infeliz projeto assistencialista, aos moldes populistas da falida URSS, sem nenhuma possibilidade de sucesso.
Afinal, num país corrupto como o nosso, quem pode ser escolhido para distribuir dinheiro?
Enfim, eu já comprei ações da Belíssima e, pensando bem, já escolhi meu candidato.