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O semanário Meio & Mensagem desta semana fala sobre o crescimento dos investimentos argentinos em propaganda, superando em muito o Brasil.
Antes de entrar em desespero, deve-se levar em conta que qualquer índice argentino de crescimento, no passado recente, não pode ser analisado de maneira isolada. A Argentina vem se recuperando de uma das mais graves crises de sua história. Sendo assim, o alegado crescimento de 25.75% nos investimentos publicitários em 2005, apenas trazem o país ao patamar que se encontrava em 2000.
Se analisarmos o crescimentos dos investimentos publicitários no período que vai de 2000 à 2005 naquele país, veremos que o crescimento anual médio é de apenas 4.35%. Por essa ótica, da virada do século até 2005, a publicidade argentina cresceu apenas 21%.
É claro que por este viés histórico, não levamos em consideração o momentum atual do mercado argentino, que é evidentemente positivo.
Estando novamente na primeira liga dos investimentos, a Argentina terá necessariamente que crescer para fora de suas fronteiras já que a gorda fatia advinda da mídia deve estar próxima de seu limiar máximo. E essa exportação vai ocorrer, como a matéria dexou claro, principalmente pelos setores de criação e produção,
O recado, para nós, é simples: corra que os argentinos vêm aí.
Em Produção, vejam sua produção de cinema recente e comecem a se preocupar.
Hollywood já colocou Buenos Aires na folha de pagamentos há pelos menos 4 anos.
Em Criação, é ainda pior, porque eles se colocam na nossa frente já na fila da largada.
E não digo isso porque seus criativos sejam melhores que os nossos.
Não é talento que coloca os criativos argentinos em vantagem nos investimentos em criatividade.
É cultura, lamentavelmente.
Não a cultura de quem cria, mas a de para quem se cria.
Cultura do consumidor médio astronomicamente melhor do que a nossa, o que permite, ou exige, mais inteligência no produto criativo. Cultura próxima da européia, o que transforma Buenos Aires, não só num pedacinho da Europa, como eles adoram esfregar na nossa cara, mas também num campo de provas bom e barato.
Nós, pobre caldo cultural, temos que falar a linguagem de um povo que se identifica com todas - e por isso mesmo - nenhuma parte do mundo.
Dá-lhe varejão.
Somos tão, mas tão especiais, que não servimos bem ao interesse do primeiro mundo da propaganda.
Por que então nosso sucesso?
Porque criamos nossa propaganda de maneira única, para nosso povo único, e quando nos fazemos entender lá fora, somos geniais.
Não vou dizer que é exatamente como no futebol, mas é.
Só que gringos, na hora de botar a mão no bolso, preferem algo mais familiar, como a Argentina.
Enfim, yo no creo en argentinos. Pero que los hay, hay.
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