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O prefeito Gilberto Kassab não é nome de boa lembrança.
Foi secretário do Pitta, mas como o próprio Kassab disse, 3 milhões de pessoas votaram no Pitta, então ele não foi o único a se equivocar.
Eu não votei no Pitta.
Nem no Kassab.
Tenho todos os motivos para desconfiar do nosso prefeito.
Na semana passada, Kassab apresentou um projeto absolutamente radical para banir da cidade o caos causado pela completa falta de critério na utilização de cartazes, outdoors e faixas.
Segundo o projeto, praticamente todas as formas de propaganda exterior seriam sumariamente banidas do espaço urbano.
Outdoors, telões eletrônicos, backs e front lights, carros, bicicletas e trailers com publicidade, faixas, empenas de prédios, banners e cartazes na fachada de estabelecimentos comerciais. Adeus para vocês.
Uma limpeza como nunca se viu.
A cidade ficaria...linda.
Foram poucas as reações contrárias e nenhuma veio de partes não diretamente comprometidas com o assunto.
Nenhum cidadão vaiou.
Só a ABA, a Associação Brasileira de Anunciantes e os veículos especializados em comunicação parecem lamentar a medida.
Segundo o semanário Meio & Mensagem, que evidentemente tem interesse comercial no segmento, o prefeito estaria desprezando "um segmento que investe R$ 250 milhões em publicidade".
Por essa lógica, torna-se lícito o valerioduto, que movimentou muito mais que isso.
Desde quando as decisões legislativas, cívicas, urbanas devem se pautar pelos valores investidos?
A medida, se vai prejudicar uns poucos magnatas das faixas de rua, vai beneficiar milhões de cidadãos que poderão ver de novo a cidade escondida atrás daquele outdoor, ou o verde que ainda restou atrás daquele telão.
Alega-se que todas as grandes cidades do mundo são repletas de comunicação exterior.
Não é verdade.
De Buenos Aires a Nova York, de Paris a Los Angeles, nenhuma cidade se compara a São Paulo em termos de poluição visual.
Em São Paulo vale tudo.
Qualquer mané está liberado a agradecer a Santo Expedito pela graça alcançada na forma de uma faixa de rua que impede a visão do semáforo. Qualquer show de pagode pode se anunciar impunemente em lambe-lambes nos postes da cidade.
Por não respeitarmos o espaço urbano, até as equipes da prefeitura que pintam postes e calçadas, distribuem suas brochadas irregularmente, resultando numa cidade imunda, feia e mal cuidada.
Esse projeto é uma luz na escuridão.
Cabe a nós, cidadãos, apoiá-lo.
O lobby das empresas de mídia exterior é fraco.
É pena que nosso lobby, o dos cidadãos indignados, seja mais fraco ainda.
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