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Será que é disso que eu necessito?
Vem chegando o Natal e o Final do Ano. Como sempre, é tempo de paz, de amor, de distribuir presentes e de Campanhas pelo Prêmio Caboré.
Que importância tão misteriosa pode ter um prêmio, a ponto de expor os melhores profissionais de nosso mercado a tamanho ridículo? Qualquer coisa vale. Qualquer auto-elogio é bem vindo se for sincero.
Se a coruja acabar em nossas já super-povoadas prateleiras, vale fazer girar a máquina.
Vale verniz, valem formatos especiais, valem mais favores nas gráficas.
Não que seja um prêmio que valorize desempenho.
Alias, a maioria dos prêmios que inventamos, nós publicitários, não premiam desempenho.
Não dependem de nenhuma meta atingida específica.
Não temos que ser melhores que ninguém, ou vender mais produtos, ou fazer mais campanhas.
Os prêmios com os quais nós nos auto-bajulamos, são conferidos por nós mesmos, a nós mesmos, por critérios subjetivos e duvidosos.
Sentamos em volta de mesas, olhamos para as campanhas que nós mesmos fizemos, e trocamos elogios.
Usamos o voto como ferramenta de manobra.
Aí cada um pega seu caneco, sai mais ou menos feliz, contando para parentes e clientes as conquistas que ninguém sabe exatamente quais são.
Somos assim os publicitários.
Auto-premiados, nos satisfazemos.
E nessa época do ano, a pavonice atinge as raias do imoral.
Não queremos apenas que nos premiem de maneira blazé.
Oi? Eu fui o melhor...puxa que surpresa.
Nada disso.
Precisamos provar para todo mundo que somos melhores que os outros dois candidatos do Caboré para terminar bem o ano.
Não importam os critérios pelos quais seremos avaliados, assim como não nos importaram os critérios que nos colocaram entre os três candidatos.
O que importa é o prêmio.
Quando vejo os anúncios, o esforço, o humor cabotino que tenta dar à extrema vaidade um tom de ironia, fico envergonhado de ser publicitário.
Não deveriam ser permitidas campanhas. Não deveriam ser definidos concorrentes.
Vota quem quer, em quem quiser.
Tudo deveria ser no mais discreto silêncio que merece uma categoria já tão espezinhada.
Este ano merecíamos silêncio.
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