não conte pra mamãe

29.9.05

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O que Corinthians, o PT e o Partido Republicano Americano têm em comum?
Veja, outro dia, assistindo a primeira partida do Corinthians sob a direção de Antonio Lopes, me dei conta de um fato curioso. Antonio Lopes – que foi delegado antes de ser técnico - na beira do campo, gritava como louco e o time, subitamente começou a trocar passes, visivelmente tentando impressionar o novo treinador. Não que eu não gostasse do Marcio, mas fazia tempo que não via o Corinthians jogar assim. Aí lembrei que o principal argumento da diretoria ao demiti-lo, foi que ele se tornou ‘muito amigo’ dos jogadores. Sinal dos tempos esse. Um líder perde o emprego por ser muito amigo de seus liderados. Ao que tudo indica, o clima estava bom demais. Decisão difícil essa de demiti-lo. Até um tempo atrás, seria politicamente inaceitável. Afinal, ‘tudo pelo espírito de equipe’. Tudo pelo sprit dês corps. Tudo em nome do coletivo. Mas ao que parece, não é mais assim. E não é só no Corinthians.
Uma de nossas grandes corporações políticas, o PT, não teve a mesma sorte que o timão e ruiu. Não seria José Dirceu, no PT/governo a materialização da idéia de que tudo vale se for em nome do coletivo? Afinal, Dirceu, até onde se sabe, não buscou o enriquecimento pessoal. Seu sonho era viabilizar um conceito muito pouco tangível. Concretizar um tal projeto petista, que – diga-se de passagem - poucos são capazes de descrever exatamente do que se trata. Como Marcio ficou amigo demais de seus liderados, Dirceu ficou amigo demais da causa do PT. Deu no que deu.
O coletivo, a equipe, o partido, a causa estão ficando fora de moda.
Nao quero com isso sugerir que Corinthians ou PT inauguraram essa tendência. É onde entra o Partido Republicano Americano.
Recente editorial do New York Times, trata do caso onde o líder do Governo no Congresso, Tom DeLay, foi pego num escândalo tentando fraudar as eleições no Texas. O jornal evitou os detalhes sórdidos de sua negociata severiana, preferindo ater-se a uma analise mais objetiva das características políticas de DeLay. Segundo o jornal, o crime em questão não teve motivações pessoais. DeLay também não buscava enriquecimento pessoal. Era um “homem-do partido”. O partido, a causa republicana, estava acima de seus interesses. E conforme ficou provado, para ele esses interesses estavam acima até mesmo da lei. Caiu.
O fato é que depois de perceber que Corinthians trocou o bem estar do grupo pela autoridade de um delegado, que o PT lutou até alem da legalidade pelo interesse de sua causa, e que Republicanos incorreram em erro semelhante, percebo que – por qualquer viés que se observe – o bem coletivo está em baixa.
É natural enxergar nessa delicada mudança de valores uma ameaça sutil à sagrada democracia, que todos sempre buscamos.
Pior, quando constatamos que na busca incansável pelo Bem, fomos roubados por Severinos e Dirceus, por Collors e Maluf, percebemos o quanto somos ingênuos. Na busca por nosso bem comum, fomos roubados por direita, centro e esquerda. Não faltou ninguém para nos surrupiar.
Talvez nossa saída seja mesmo o Antonio Lopes.
A do Corinthians, foi.

1 Comments:

At 7:54 PM, Anonymous Anônimo said...

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