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Não sou socialista, nem sou comunista.
Sou humano. Sempre me pareceu que o discurso do Presidente Lula, desde que o PT surgiu, representava a vontade singela de dar ao povo um salário justo e condição de vida um pouco melhor.
Sempre foi prioridade dele uma divisão de renda mais justa.
Lula, por sua vez, teve a paciência e a felicidade de ver seu discurso amadurecer junto com o Brasil pós-golpe. O Brasil que elegeu Maluf, elegeu Collor e finalmente entendeu que Lula poderia definitivamente ser uma alternativa à vergonha que nossa política se transformou.
Lula é um grande negociador. Mas assim como Fernando Henrique, sabe de seu papel histórico. Seu papel não é reconstruir a nação como Juscelino. Nem gerenciar uma transição como Sarney. Seu papel é simbólico. Lula é um ícone do povo no poder. E sabe disso. Se vestiu desse personagem há muitos anos e acima de tudo, conviveu com seu próprio personagem.
Chegou ao poder quando a máquina política estava absolutamente viciada. Não temos cultura suficiente para subsidiar um estado tão pesado. Assim, Lula não pode fazer nada. Nem saberia.
Lula não traiu ninguém. Só quem é ingênuo poderia esperar dele uma revolução. Só esse mesmo ingênuo poderia responsabilizá-lo pelos atuais escândalos. Lula não foi enganado, muito menos ignorava o que se passava. Lula, ciente de seu papel histórico, decidiu que a política das negociações deveria existir abaixo dele. O Brasil sempre perguntou quem paga as contas de Lula. Menos ele. Ao fundar o PT, Lula cristalizou-se como um emblema do povo e esse povo o levaria ao poder. Caberia aos Jesuínos, aos Dirceus viabilizarem política e economicamente este fim.
É claro que mais poder custa mais caro. Claro que as negociações saíram do contrôle do partido. Claro que a sujeira já está nos pés de Lula e que sua história política evidentemente será maculada.
Este é o fim de uma era.
Quando as investigações terminarem, o PT terminará junto. O PT como conhecemos.
Novas lideranças surgirão.
A era Lula acabou.
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