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Nosso país, infelizmente depende da imprensa.
Ninguém sai às ruas. Ninguém grita, ou bate panelas.
E boa parte de nossa imprensa é medíocre.
Nossos melhores jornalistas são meramente investigadores.
Não são especialistas. Nem sequer articulados.
São bons para destruir iletrados. São fortes contra despreparados.
Quando pegam pela frente alguém como Roberto Jefferson, são facilmente postos fora de combate.
No Roda Vida, da TV Cultura, ao centro o sujeito que apoiou Collor e Lula, por si só uma incoerência. Evidente sinal de que para ele política não é crença, é oportunidade.
Um cidadão flagrado com a mão no fundo do pote.
E no momento em que se esperava que finalmente seria desmascarado, não é o que acontece, por total despreparo de nossos jornalistas.
O que se vê é um mediano advogado, razoável orador que como um camelô, impõe seus pontos-de-vista distorcidos, driblando, esquivando-se das parcas ameaças de cheque-mate, através de uma retórica verborrágica vazia na forma e confusa na ética.
Um homem que não tem claro os limites da decência pública.
Fala de dinheiro, de esquemas, de benefícios, de misturar o público e o privado. Não fala de legislar.
Fala apenas dos conchavos.
Jefferson, é escorregadio. Não cai em ciladas fáceis e está bem informado. Mais informado até que os jornalistas. Processado por quebra de decoro, acusado de corrupção, Jefferson se arvora uma serenidade imoral.
Sequer parece inseguro.
Os jornalistas o respeitam, o temem ou ambos.
O chamam de senhor, gaguejam ao tentar perguntar temas mais sensíveis.
Afirma que lhe parece natural que o empresário doe dinheiro e receba contrapartidas dos deputados.
Sugere até que as doações sejam descontadas do imposto de renda, ou seja, propõe que o governo devolva aos empresários o dinheiro que estes entregarem aos deputados.
A reação é discreta. Nem todos os jornalistas parecem entender o desvario da proposta.
O homem é lobo do homem.
Ao que tudo indica, a briga é de duas facções criminosas que se enfrentam.
Jefferson em seu morro, Dirceu no seu. Os dois em pleno braço de ferro público.
E nós brasileiros, paralisados, torpes, calados, assistindo o desfecho.
Para saber a quem vamos pagar a seguir.
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