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Desperdicei a última meia hora assistindo ao seriado American Next Top Model.
Tentei dar uma chance.
Me esforcei.
Mas, meu deus, se espremer, não sai nada.
Nem um único e solitário insight.
Não conseguiu superar minhas medíocres expectativas.
Não entendo nada do mundinho, mas mesmo assim, acho que essas 12 garotas, o seriado, o mundo da moda como um todo, foi longe demais.
(Não consigo deixar de pensar nas duas infelizes que morreram de anorexia na semana passada. Porque morreram? Por qual causa lutavam?)
Quando vejo essas mulheres cercadas da entourage que corta seus cabelos e as maquiam e discutem com elas seus assuntos irrelevantes, não consigo evitar o desprezo.
Para que tudo isso?
Não entendo nem bem o que elas querem.
Impressionar a quem?
Como é que alguém pode achar que existe alguma relevância em caminhar 20 metros como cabide de uma roupa que ninguém vai usar de verdade?
E veja, sou publicitário.
Futilidade é meu sobre-nome.
Estou familiarizado com a irrelevância.
Mas nem as reuniões mais fúteis, nem as discussões mais banais se comparam a idiotice de se discutir por 12 minutos qual o melhor lápis para os olhos, ou qual a "composição" de roupa e maquiagem que mais se adequa ao seu "estilo pessoal".
Estou acostumado a passar horas e horas discutindo assuntos sem importância, apenas porque alguém acha que assim vai influenciar a venda de mais meia dúzia de sandálias.
Não vai.
Assim como essas meninas, essas modelos (modelos de que?), não vão fazer nada além de desaparecer na história.
Sem nenhuma importância.
O futuro vai rir delas como nós rimos das Miss Isso, Miss Aquilo dos anos setenta.